“Um desaguisado” no Jiquiá

história de um confronto entre guardas nacionais e escravizados (Recife, 1842)

Autores

  • Wellington Barbosa da Silva Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

DOI:

https://doi.org/10.35355/revistafenix.v18i2.1173

Palavras-chave:

Escravizados, Guarda Nacional, Confronto, Recife, Século XIX

Resumo

Na manhã do dia 24 de junho de 1842 aconteceu um grave conflito nas terras do engenho Jiquiá, na freguesia de Afogados, entre uma patrulha de guardas nacionais e algumas dezenas de escravizados pertencentes a Manoel Cavalcante de Albuquerque e Melo, senhor do referido engenho. Do confronto, saíram dois guardas nacionais gravemente feridos e o restante com “pequenas contusões”. Baseado em uma pesquisa empírica realizada em documentos manuscritos e impressos da época, este artigo procura rememorar este insólito acontecimento e discutir diversos aspectos relacionados com a sociedade recifense no século XIX, tais como: as intricadas relações políticas locais, a simbólica mensuração da liberdade por meio da cor da pele e, principalmente, a precariedade dos aparatos policiais existentes na provincia de Pernambuco.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Maria das Graças Andrade Ataíde de. A Guarda Nacional em Pernambuco: a metamorfose de uma instituição. 1986. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

BEATTIE, Peter M. Tributo de sangue: exército, honra, raça e nação no Brasil (1864-1945). 1. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009. 488 p.

CARVALHO, Alfredo de. As Carneiradas: episódios da Guerra dos Cabanos (1834-1835). Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, vol. XIII, n. 74, p. 46-122, dezembro de 1908.

CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel de. Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no Recife, 1822-1850. 1. ed. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2001. 356 p.

CASTRO, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de. Das cores do silêncio: os significados da liberdade no sudeste escravista – Brasil século XIX. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995. 426 p.

CASTRO, Jeanne Berrance de. A milícia cidadã: a Guarda Nacional de 1831 a 1850. São Paulo, Ed. Nacional, 1979. 262 p.

CAVALCANTI JÚNIOR, Manoel Nunes. “Praieiros”, “Guabirus” e “Populaça”: as eleições gerais de 1844 no Recife. 2001. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

GAMA, Lopes. O Carapuceiro: crônicas de costumes. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 449 p.

GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1990. 423 p. 2 v.

KOSTER, Henry. Viagens ao Nordeste do Brasil. Recife, Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco, 1978. 751 p.

LARA, Sílvia Hunold. Fragmentos setecentistas: escravidão, cultura e poder na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 430 p.

OLIVEIRA, Anderson Machado de. Devoção negra: santos pretos e catequese no Brasil colonial. 1. ed. Rio de Janeiro: Quartet, FAPERJ, 2008. 368 p.

LOPES, Nei. Enciclopédia brasileira da diáspora africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. 717 p.

SILVA, Wellington Barbosa da. “A cidade que escraviza, é a mesma que liberta...”: estratégias de resistência escrava no Recife do século XIX (1840-1850). 1996. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

______. Entre a liturgia e o salário: a formação dos aparatos policiais no Recife do século XIX (1830-1850). Jundiaí: Paco Editorial, 2014. p. 250.

TOLLENARE, Louis François de. Notas dominicais. Recife, Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco, 1978. 271 p.

URICOECHEA, Fernando. O minotauro imperial: a burocratização do Estado patrimonial brasileiro no século XIX. Rio de Janeiro, Difel, 1978. 332 p.

OUTRAS FONTES

A PROVÍNCIA, Recife, 19/5/1875, n. 587, p. 2-3. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.2.775.587

ANDRADE, Francisco de Carvalho Paes de. Ofício para o ministro da Justiça Diogo Antônio Feijó, 23/2/1832. Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (doravante APEJE), Correspondência da Corte, cód. 33, fl. 77v.

ALBUQUERQUE, Manoel Joaquim do Rego. Ofício para o presidente da província Antônio Pinto Chichorro da Gama, 13/5/1846. APEJE, Polícia Civil, cód. 13, p. 239.

AZEVEDO, Antônio Inácio de. Ofício para presidente da província Francisco do Rego Barros, 24/6/1842. APEJE, Polícia Civil, cód. 3, fl. 227.

BRANDÃO, Francisco Carlos. Ofício para o chefe de polícia Antonio Inácio de Azevedo, 24/6/1842. APEJE, Polícia Civil, cód. 3, fl. 228.

BRANDÃO, Francisco Carlos. Ofício para o chefe de polícia Antonio Inácio de Azevedo, 1/7/1842. APEJE, Polícia Civil, cód. 5, fl. 22.

BRASIL. Lei de 18 de agosto de 1831. Cria as Guardas Nacionais e extingue os corpos de milícias, guardas municipais e ordenanças. Disponível em: <https://bit.ly/3iasuDb>. Acesso em: 20 mar. 2020.

CALDAS, Antonio Luís. Ofício para o comandante das armas Antônio Pedro de Sá Barreto, 25/6/1842. APEJE, Polícia Civil, cód. 5, fls. 24-26.

MACIEL, Tomás Alves. Ofício para o presidente Francisco do Rego Barros, 18/5/1842. APEJE, Policia Civil, cód. 3, fl. 116.

MELO, Jerônimo Martiniano Figueira de. Ofício para o presidente Manoel Vieira Tosta, 27/4/1842. APEJE, Policia Civil, cód. 22, fl. 440.

PERNAMBUCO. Atas do Conselho do Governo de Pernambuco (1826-1834). Recife: Assembleia Legislativa e Pernambuco, CEPE, 1997, v. 2, p. 28-30.

RIOS, Francisco Carneiro Machado. Oficio para o chefe de polícia Antônio Afonso Ferreira, 15/10/1847. APEJE, Polícia Civil, cód. 17, fls. 226-227.

SANTOS, Feliciano Joaquim dos. Ofício para o chefe de polícia Antonio Henrique de Miranda, 12/8/1848. APEJE, Polícia Civil, cód. 20, fl. 146.

SOUZA, Antônio Germano Regueira Pinto de. Ofício para o chefe de polícia José Nicolau Regueira Costa, 8/2/1850. APEJE, Polícia Civil, cód. 28, fls. 235-235v.

Downloads

Publicado

2021-12-17

Como Citar

Barbosa da Silva, W. . (2021). “Um desaguisado” no Jiquiá: história de um confronto entre guardas nacionais e escravizados (Recife, 1842) . Fênix - Revista De História E Estudos Culturais, 18(2), 548–566. https://doi.org/10.35355/revistafenix.v18i2.1173